terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Teste de aptidão


Minha sugestão é simples: favor inserir prova admissional clínica nos ingressos dos cursos de licenciatura. Em miúdos: antes do sujeito comprar sua grade de cerveja e comemorar, deveria ser encaminhado a testes clínicos, ou de aptidão se você preferir.

Por quê digo isso?

Esta que vos fala passou recentemente em dois concursos para trabalhar como professora (Sim, pobre e daí?) e nos dois casos fui submetida a exames admissionais de audiometria, avaliação acústica da voz e laringe. Quer dizer, nêgo permite que eu seja aprovada num vestibular, que passe 4 ou 5 anos na universidade fazendo o quer que seja e quando lá vou eu bonita com meu diploma de licenciada da Bahia fazer o que chamamos de "exercer a função", alguém me submete a maravilhas da tecnologia médica que podem impugnar minha contratação? Acho uma puta sacanagem.

Antes que alguém me acuse de ignorância e insira aqui qualquer discurso sobre direitos do trabalhador e blablabla em ter um diagnóstico de saúde anterior ao exercício do cargo para que blablablablablablabla tenha como comprovar uma eventual doença ocupacional e se encostar bem linda no INSS no futuro, tenho uma frase que muda tudo. Vejam bem,eu já passei nos concursos. Se os exames fossem só para garantir os direitos do escravo, oooops, trabalhador, a tia telefonista ao marcar os exames não precisava da aparentemente inofensiva frase que usou:
"BOA SORTE, QUERIDA" ela me disse.
Tire suas próprias conclusões.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Por uma edição menos cretina, Deus

click to zoom

Estava eu tranquilamente lendo uns materiais da faculdade num cineminha muito charme e aconchego, que é vinculado ao Circuito Sala de Arte e fica num campus da UFBa. Fim de tarde, e estava especialmente mais legal: um monte de gente lendo, calada e sorrindo, se movendo muito elegantemente. Uma música mui agradável, de Madeleine Peiroux, tocava e só conseguia ouvir alguns talheres batendo nos pratinhos de sobremesa. Me aparece do outro lado do vidro fumê um rapaz. Ele era magro,loiro natural, usava óculos e roupas muito básicas de estudante que não se importa muto com as roupas, mas nem por isso menos bonitas e corte de cabelo meio nerd. Andava com um pé quase na frente do outro, bem retilíneo mesmo, fiquei imaginando enquanto o olhava, o chão e todo o espaço se desfazendo ao redor dele e apenas uma linha fininha como um meio fio sobrando como única passarela possível. Ele cumpriu todo o caminho sem cair no buraco negro, sem sair da linha que eu traçara e ele ignorava, meu Deus, que beleza, ele podia ter sido ginasta na infância (alguém controle meu random). O rapaz entra no cinema e aparentemente por acaso encontra uma amiga querida e,pra minha surpresa, age tão gentleman, mas tão cortês, de um jeito antigo e tão, mas tão elegante, que tive de dar um tapa no homúnculo da minha consciência para ele parar de dar comandos ridículos. Vou aceitar esses conselhos random, não.
Vamos chamar o rapaz de Ben. Ben comprou uma torta alemã e sentou de frente pra garota; posso dizer que quanto mais eu o observava, mais eu era surpreendida por tamanho witticism como eu só vi antes em termos imaginários. Sua postura, suas mesuras, seu jeito calmo de comer a torta e olhar para a garota, a maneira como se inclinava nas direções certas até o ponto certo e como fazia o mesmo com relação ao sorriso, sim, sim, muito cavalheiresco. Pelos lábios, eu podia supor suas falas, o ritmo e-xa-to delas.Teria Ben feito Escola de Boas maneiras para homens da nobreza? Teria Ben bengalas de madeira nobre em casa, onde treinava em frente ao espelho o dia de sua posse como Duque de uma ilhota, num certo pequeno reino em terras temperadas?Quer dizer, que estaria fazendo Ben de sua vida que não, sendo condecorado por honra e mérito e ganhando cargo de admiração pública, mas sim numa faculdade pública de ciências humanas ? Onde existiriam outros Ben se desperdiçando nesse Brasil de meu deus? Tem gente que podia ser pago só por sua qualidade de gente olhável. Ben tem função social no Brasil, alguém precisa pagar a ele para isso.
Se o modo como as coisas funcionam no universo fossem menos complexas e mais dignas, minha historieta real de flash de admiração terminaria ali. Mas não, Deus parece fazer questão de me mostrar o backstage das minhas ilusões. Minha cara de susto e desencanto deve ser bastante apreciada nas casas de divertimento do Paraíso. Eu, não satisfeita com suficiente predicados, resolvi chegar mais perto pra ouvir o áudio da conversa. Juro que podia esperar qualquer coisa, como descobrir que o livro em cima da bancada do café era Manifesto do Partido Comunista ou Na margem do Rio Pietra Sentei e chorei (aka Paulo Coelho), mas o aconticido foi de uma falta de necessidade. Tipo, o rapaz loiro, elegante, clean, nerd e talz tinha voz de travesti. Você estava preparado para essa informação? Eu também não. Rolou um atordoamento tão terrível que tentei esquecer tudo e voltar ao meu Os temas de movimento de Rudolph Laban. Mas, poxa, que tipo de mentalidade cruel seria essa? A vida não pode ser só bonita? Tem de vir algo ridicularizá-la, esfregando a data de validade vencida de sua maquiagem? E esse mesmo algo arremata dizendo (enquanto lança perdigotos) quão pífia é nossa duração de vento e que se as rochas pudessem ririam na nossa cara, que os nossos deslumbramentos e civilização e cultura são ridículos e vão virar pó. Mas voz de travesti naquele rapaz é coisa de uma Mente Maligna com iniciais maiúsculas. Minhas fugazes memórias de Ben foram pra sempre manchadas. Beleza, voltei ao livro. Mas como a tarde era de grandes eventos, abre a porta do café do charmoso cineminha, uma sósia de Maria Callas na fase exuberante. Pense na mulher de 40´s mais linda e poderosa que você conseguir e não, não será ela ainda. Sentou na minha frente e abriu o livro "Biografia de Marco Polo". Como eu não estava preparada para a segunda decepção do dia, pus meu livro na bolsa, passei meu batom e saí. Antes que pudesse ser surpreendida por uma falta de dentes da frente ou pela voz de Joelma do Calypso, levei correndo minha bela imagem imaculada comigo. Sempre achei esse negócio de rir por último coisa de estraga prazeres.

domingo, 9 de maio de 2010

A pedidos do auditório


Formspring é essa maravilhosa nova rede social que não distingue populares dos fracassados em audiência. Ninguém sabe que, a não ser por sutis pistas, quem te segue ou quem os que você segue está seguindo. Eu, bem acostumada a ser só stalker na internet e não o reverso, posto minhas respostas e acredito que talvez três pessoas (estou inclusa nessa conta) devam ler. Para minha surpresa, bastou eu responder uma questãozinha estranha que me apareceram da noite para o dia quase vinte perguntas.Até email eu recebi. Medo.Muitas perguntas falavam de postar a tal resposta da estranha pergunta no blog. Embora meus nomes sejam trocados, a galere já sacou que somos todos a mesma pessoa: eu do formspring, eu do twitter, eu do blog, eu do orkut, eu do facebook. Segue pergunta e resposta aê abaixo:

Acredita no amor? Acredita nele como "força que constrói as coisas", pelo menos?

Então... eu até acredito sim, mas acho que ele tem uma função bem mais restrita do que Força-Que-Constrói. Na verdade, eu acho que o amor não constrói nada, quero dizer, não me parece da natureza dele construir, sabe? O amor tem essa cara de gato castrado gordo, sempre com ar satisfeito embora meio apático. Faz com que queiramos manter as coisas como estão.Se amor tem algum mérito está nesse sentimento de manutenção ou abstenção/negação que ele provoca. Construir definitivamente não é com ele, no máximo ele salva, resgata as coisas que fugiram da estabilidade, devolve-as para vida de gato castrado. Construir requer uma atitude de agressividade.O ódio, a vingança e o ciúme: destes sim é o reino da capacidade de realização.Nada como a sensação de, fucking hell,fim de relacionamento,de se sentir um touro com uma bazuca e se atirar no trabalho (as tias do RH podiam atentar pra isso) ou mudar de país...enfim, assume que não tem nada a perder. Toda pulsão do Amor tem a ver com não-fazer, com tenho-tanto-a-perder (salvo o já especificado antes) A bondade, o AMOR, O chamado altruísta de quando sentimos vontade de ajudar e todos esses sentimentos tons pastel-bebê não nos impulsionam para ação. Falta vigor, falta viagra. Talvez por essa constatação, nunca entendo muito bem o tratamento agudo de não-sexo que as grávidas inspiram nas pessoas.Conceber e parir exigem algum nível de agressividade e raiva como tudo que parte do nada em direção à existência.Olhe os prédios,as pessoas que constroem as coisas, a seleção natural, o sexo, olhe os bebês e me diga: cê acha mesmo que a vida vem do Amor?


quarta-feira, 24 de março de 2010

Dá risada e ri, ri , ri

Só pra afirmar novamente minha crença religiosa no que chamo de "Piada Cósmica".
Quebro os dentes da frente numa brincadeira sem medida com meu filho. No dia seguinte, me convidam para fazer propaganda da ODONTOSYSTEM. Eu aceito, faço o teste sorrindo like tabaroa e pasmem, passo. Conserto o abalo sísmico e gravo o comercial.
Todos os dias tenho zilhões de evidências sobre o funcionamento universal se pautar na milimétrica do escárnio rísivel em seus mais variados graus de complexidade.Alguém por favor queira me convencer que a tônica do COSMOS não é a ironia. Alguém. Alguém?! Alguém?! Al-guém ?! AL-GUÉM?!

(Cri-cri-cri-cri).


A-ham Cláudia, senta lá. Obrigada.




domingo, 14 de março de 2010

Fada do dente


Para 2010 eu fiz um programa megalomaníaco de metas, bastante especificadas, com planos de contingência e tudo. E, quando eu paro e observo, acredito piamente num encadeamento delas como eixos, engrenagens, sabe? Tem itens que ao dar certo acionam os demais e tudo gira em harmonia e constância (santa palavra). Em contrapartida, curto-circuito nessas peças fundamentais e todo o resto fica comprometido.
Ontem, estava no item "cuidados comigo", na tentativa de ser bonita, tentando manter a frequência dos cuidados, sendo digna com o programa alimentar. E poxa, se eu consigo combater meu senso permanente de inadequação e falta de confiança, por tabela consigo ser regrada nas finanças, na vida acadêmica, como artista (desculpem a palavra, não consigo encontrar outra melhor) e mãe competente; quando não, fico com tanta raiva de mim que a vingança é autossabotagem num nível comprometedor da vida social. Se insegurança foi tag 2009, dignidade lifestyle e materialismo são tags 2010, decidi e pronto.
E como ia dizendo, ontem estava com alguns pontos acima da média no carinho por mim mesma; cheguei do salão de beleza e organizei os preparativos para ir com meu filho ao show gratuito do Buena Vista Social Clube numa praia daqui de Salvador. Feito isso, arrumei a mim e ao Theo e fui alimentá-lo pra podermos sair. Theo estava particularmente ansioso, pedindo que eu desse comida contando a história dum livrinho pop-up que dei a ele recentemente. No clima de brincadeira, em vez de dar de comer na mesa, resolvi fazê-lo na rede (pode perguntar quem é a criança, eu deixo). Numa manobra de brincadeiras trogloditas entre meu guri de pouco mais de dois anos e meio e eu, aconteceu um pequeno acidente: impulso + força impossível de controlar do baby + risada e empurrão + eu segurando um prato = dente quebrado em pedacinhos, sangue escorrendo, beiços e gengivas machucados. Meus, é claro.
Fiquei deprimida, nem foi nervosa, de imediato. É engraçado como eu, de modo bastante consciente, sempre busco referências estéticas para saber como me sentir em determinadas circunstâncias.Imagens simultâneas dos losers de acidentes na dentição, William Macy em Magnólia e esse rapaz aqui+ o clipe Fingi na hora rir * do Los Hermanos ecoavam nas minhas vistas e a cara inconsolável de Theo, embora não chorasse, me paralisaram.
O automatismo com que essas referências vieram à tona me deprimiram por provar minha incapacidade de acreditar em altruísmo, autoestima e autoajuda sem uma pontinha (oi eufemismo) de desconfiança de que tudo se trata sempre do princípio de uma piada cósmica. Se a cartomante disser coisas ruins, irei me deprimir, se disser coisas boas, luminosas e sementes de prosperidade não conseguirei me desvencilhar da possibilidade de ser atropelada na esquina, pra dar sentido à Piada. Invejo muito O mundo onde as pessoas com objetivos lutam e conseguem as coisas,embora eu sempre duvide, até que essas pessoas exibam seus resultados. Invejo muito essa simplicidade, sério.O mundo comigo fazendo metas e me esforçando para ser fiel a elas não cola. Esse maniqueísmo, essa filosofia tão 2+2, tão lé com cré...a vida não pode ser isso, isso é só má literatura, só autoajuda, não faz sentido que a vida seja assim. A vida não pode ter esse modus operandi tão brega, tão alcoólicos anônimos,tão Igreja Universal do Reino de Deus, tão Renato Russo em véspera de morte. A Piada Cósmica,CAOS,obstáculo epistemológico,contingência e acaso parecem em termos estéticos de teoria mesmo, mais sofisticados,atraentes, e portanto, uma filosofia de vida mais aplicável,mais confortável de acreditar, um lugar menos brega de crer.
A carinha de Theo triste, automaticamente ciente de que não sairíamos mais coisa nenhuma e, um silêncio duradouro doeram. Mas doeu bem mais ouvir essa criancinha de dois anos pensativa e triste me dizendo que nem pedido pra Fada do Dente eu poderia fazer, "porque ela só aparece quando o dente tá inteilinho, e o seu, Mama, espatifou em um mooonte de pedaços. Você vai falar com ela mesmo assim, Mamanga?" Theo está começando a perceber o sentido da Piada e isso me preocupa.

SOBRE AS REFERÊNCIAS


* Acho a música meio babaca, mas o clipe onde a menininha super se achando A ADOLESCENTE que paquera e namora e não brinca na comemoração de seus 15 anos ganha uma boneca enorme, pouco tempo antes dos Parabéns, que é cantado com as vozes das tias velhas e o close nela, embaraçadíssima, fingindo rir, é situação emblemática pra mim.
Em Magnólia, William Macy faz o papel de Donnie Smith, um ex-garoto prodígio, ganhador do quiz kid, torna-se um adulto problema, com direito a emprego ridículo, atoleiro de dívidas, plano de humilhação diário aos chefes pra não ser demitido, paixão platônica por um cara com aparelho dentário e que desenvolve um foco obsessivo em pôr aparelho ortodôntico, porque em sua lógica, isso resolveria todos os problemas. O fato é que ele não precisava de aparelho. Mas toda a mobilização em torno do fato (envolvendo um acontecimento sobrenatural) cria uma circunstância onde tudo só fará sentido quando puser aparelho. O tal acontecimento faz com que ele quebre alguns dentes e nesse novo contexto pôr aparelho faz mais que sentido, torna-se necessário.
E o vídeo tosco do garoto tá aqui, porque a autoexposição de fragilidades patéticas faz com que eu crie empatia com este tipo de pessoa.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Traga a vasilha


Quando ainda morava com o pai do meu filho, nos fins de semana passava pela frente da nossa casa o Tio do sorvete. Ele andava sozinho com um megafone, empurrando um carrinho neolítico dizendo pausadamente: "Sorvete gostoso. SORVETE SA-BO-RO-SO. Traga a vasilha. TRA-GA A VA-SI-LHA. "

Nunca vi um marketing tão poderoso. O tio fazia com que as pessoas fossem realmente atrás do sorvete às seis da manhã de cara amassada com vasilhame numa mão e dinheiro na outra, para descobrir o preço só na hora de pôr as bolas no recipiente. Sendo totalmente parcial e influenciada, faço uma análise radical sobre o que tem sido O problema da minha vida e, posso apontar faltas graves como:

1) não ter quem me dissesse a importância de levar a vasilha;

OU ações precipitadas como:

2) sair correndo quando o sujeitinho soletrava "SA-BO-RO-SO" e só descobrir que tinha de levar o tupperware quando chegava na frente do sorveteiro. E daí até que eu voltasse em casa pra pegá-la ou o sorvete teria acabado ou o tio não pôde esperar e beeeeeeijos;

Desde então, "traga a vasilha" soa como um imperativo de garantias na vida. Acho que trata sobre se precaver, sobre saber aproveitar,sobre escutar as instruções calmamente e até o fim, e sobre custo-benefício.Toda uma sabedoria das bolas de sorvete que pode ser aplicada a distintos campos tais como economia,publicidade,direito trabalhista, auto-ajuda e até mesmo a artes prosaicas como a naïf. Acho digno.
Imagino também o aparecimento de, para pessoas como eu, um Tio da vasilha que anunciasse: "Vasilha bonita. VASILHA ES-PLEN-DO-RO-SA. Traga o sorvete.TRA-GA O SOR-VE-TE." Embora acredite, pela natureza da Vasilha, que este simpático e mais judeuzinho espécime de Tio jamais solicitaria pelo sorvete; ele estaria lá na sombra do primeiro, com sua voz baixinha e sorrisinho oferecendo alternativa aos precipitados sem frascos. Eu sempre suspeitei que conteúdo fosse superestimado. Inclusive, porque a forma meio que manda não só no conteúdo como na sua interpretação. Para certos pós modernos " que conteúdo ,que nada"! só há forma. Mas deixem eles lá, por agora. Como assim as artes,a moda e a literatura falam de outra coisa que não a forma? Ah,Literatura não?Pra mim é tudo emporcalhada ou esplendorosamente um exercício de forma imaginada. E se você, assim como eu, acredita que a política, as ciências duras,o marketing e a psicologia tentam subestimar e pôr a forma no seu devido lugar, ao mesmo tempo que se utiliza soterrateira e descaradamente dela, meu bem, então deixemos todo o resto da humanidade gritar impropérios à estética e lamber os dedos e cotovelos enquanto tudo derrete . A gente faz malabares com Tupperware e o tio judeuzinho sempre estará lá na sombra, rindo conosco.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Revelando os segredos do embarangamento pós marriage


Eu aprecio mesmo ilusionismo, apesar de sempre identificar derrapadas cafonas na maioria dos mágicos (vide: tigres, jaulas,paetês/lantejoulas, gelo seco,mullets, vibe geral de penteados a la Tom Cruise em Magnólia, voz estridente e tom agressivo e veias que saltam enquanto perdigotos voam na direção do público) o que faz com que goste muito de mágica, amando pouquíssimos mágicos. Mas nenhuma cafonice de escapistas bregas e megalomaníacos se compara à breguice daqueles que revelam o segredo dos truques. Acredito piamente que revelou = perdeu, playboy, perdeu . Honrosas exceções para os mágicos performers como Houdini, cujas revelações eram mais assombrosas que o próprio truque por demonstrarem habilidades e treinos de um fanático pelo ofício. Contorcionismo, acrobacia,apnéia iogue, coordenação sobrenatural,deglutição de agulhas eram fichinha para o rapaz. Talvez por isso, ele tenha se casado com sua assistente de palco, o que corrobora com o que tenho a dizer: ou é com o cúmplice de truque que você se embarafusta ou,er...er... ou é com o cúmplice QUE VOCÊ SE EMBARAFUSTA, entendeu?

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Aplicando esse breve introdutório às tentativas FAIL de manter os truques de atractibilidade (gostei mais desse som do que o de "atração") após o casamento, vejamos:
  • COMO causar espanto admirado com o resultado se o processo = cabelo na touca metálica, pasta branca no rosto, nas mãos e pepino nos olhos?
  • COMO ser linda se você não pode/deve passar camadas generosas de Bepantol nos lábios pra dormir se tem maridinho na cama com você?
  • COMO passar os cremes necessários ao brilho e charme da cútis se sexo = suor e suor iécati de creme dá nojo até na mãe da criança, quem dirá no husband?
  • COMO se alimentar de saladas frescas de acelga, alface,pepino, berinjela,manga, rúcula,hortelã,grãos de linhaça com borrifo de iogurte desnatado se o marido sempre confunde Ritos Surpresas da União com saídas pra comer? Como, se o marido cozinha esplendorosamente bem e quer te ver como um bebê olhando pros peitos maternos?Como, se o marido cozinha mal e portanto, gosta dos hipercalóricos óbvios? COMO, se a sogra quer te matar se você não come nos encontros de família atestando dieta ( o que ela repetirá para as amigas com aspas no dieta) ?
  • COMO manter a dieta se os aniversários infantis estão aí e as mamães querem mais é se sabotar, ê lelê...!
Enfim, diante de tantos e hediondos "COMO" não há como não comer. Como diria Juliana Cunha: não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz...


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Sobre esse último item fiquei chocada no último aniversário de amiguinho de Theo que fomos. Parece brincadeira exagerada da minha parte mas juro, ju-ro *beijando dedinhos cruzados* e atesto fidelidade dos fatos que na fila do bolo por motivos misteriosos, enquanto todas as mães levavam fatias da espessura de um mindinho para casa, na minha vez de ganhar pedaço de bolo, a dona do aniversariante (oopsie... perdão) fez questão de pôr *esse acento foi-se embora com a reforma, Brasil?* uma fatia - pasmem - do tamanho de um tijolo. Sério. O guardanapo por cima cobrindo apenas o glacê era uma piada de mau gosto. Eu querendo me esconder e dando pano pra mania de polissemia alheia foi um plus inesquecível. Obrigada, Arthuzinho, seus dois anos estão guardados pra sempre.
Eu juro que a gente tenta, mas há um esforço conspiratório pra que o salto quebre na hora da piscadela pra foto. Como disse antes, revelados os segredos,a mágica que sobra é tão reles, chinfrim e pretensiosa (combinação bombástica de adjetivos, eu sei).


P.S.:Este post é inteiramente dedicado ao joão Arthur e aos seus dois aninhos. Theo fará três anos em breve e tamanha gentileza será recompensada, Beth. Você estará na fila com a mãe da Júlia e assim que a fatia tipo "dedo mínimo" for entregue e ela sair agradecida virando à esquerda, vou, com uma mão na cintura e outra na testa como que limpando o suor e soprando, sorrir e exclamar "Oh! Você!", me abaixar e tirar um bolo debaixo da mesa, viu?Coberto simbolicamente, claro, por um guardanapo, talvez papel toalha, não sei. Ah! Na festinha de Theo trarei mágicos, os mais witties e elegantes desta cidadela, com tom de voz de James Bond, ha-ha.